COVID-19: Agências de viagens garantem que estão a repatriar "aos milhares" portugueses retidos no estrangeiro



Associação APAVT desmente que haja viajantes portugueses nas Filipinas "abandonados" pelas agências de viagens, ao contrário do que disse o ministro dos Negócios Estrangeiros. E está a avançar em contra-relógio com as viagens de regresso. "A partir de agora, vai ser a loucura"

Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) garante que "os agentes de viagens portugueses estão a fazer todos os esforços para acudirem a esta situação de excepção" com a pandemia do coronavírus, no sentido de reencaminharem de regresso os turistas portugueses que se encontram retidos no estrangeiro. Num momento crítico em que se deparam, elas próprias, com a necessidade de "tratar do equilíbrio financeiro das suas empresas", as agências de viagens enfatizam estar "a passar dias e noites a tratar de cada um dos seus clientes".

Contactada pelo Expresso, a APAVT não consegue quantificar ao certo, mas avança que atinge "a casa dos milhares" as viagens de repatriamento de turistas portugueses que estão a ser avançadas, dos mais variados destinos, "dentro e fora da Europa, muito de África por exemplo, os portugueses andam por todo o lado, é um facto".

O repatriamento de viajantes lusos decorre a ritmo acelerado e em contra-relógio, num momento em que por todo o lado se fecham fronteiras, incluíndo de Portugal, e "a partir de hoje (18 de março) vai ser a loucura", adianta fonte da associação.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, tinha feito o apelo ontem, 17 de março, às agências de viagens no sentido de não "abandonar" os turistas e viajantes portugueses que estão retidos nas Filipinas, Argentina, México e Marrocos face às restrições com a pandemia do coronavírus, lembrando tratar-se de clientes com os quais tinham contratos. "Honrando os respetivos contratos, não os deixem sozinhos nestas circunstâncias difíceis", frisou o chefe da diplomacia dirigindo-se às agências de viagens, em declarações à agência Lusa.

O ministro referiu que várias dezenas de turistas portugueses nas Filipinas aguardavam regresso a Portugal, e que o ministério, através da Embaixada em Jacarta, estava a fazer todos os esforços para os trazer de volta, mas frisou que "o Estado não se pode substituir às agências de viagens com os quais foram contratados estes percursos".

A APAVT respondeu, em comunicado, que "não encontrou até à data qualquer cliente de agência de viagens nas Filipinas que não esteja a ser devida e profissionalmente acompanhado", ao contrário do que o ministro tinha referido, concluíndo que "o referido grupo terá marcado as suas viagens sem o auxilio de uma agência de viagens, circunstância que, como a APAVT vem salientando há muito, prejudica enormemente a qualidade da experiência de viagem, sobretudo em momentos de alteração das circunstâncias dessa mesma viagem".

"Uma alteração profunda das circunstâncias, é o que estamos a viver", enfatiza a associação das agências de viagens, lembrando que "existe atualmente na Europa, uma operação de repatriamento massivo de turistas e viajantes, no seguimento de um movimento de fecho de fronteiras sem precedentes", e que "a única certeza que temos neste momento é que, a partir de amanhã (18 de março), muitos milhares de cidadãos europeus vão ficar retidos um pouco por todo o mundo, incluindo, naturalmente, cidadãos portugueses".

TURISTAS A SER "DESPEJADOS" DE HOTÉIS QUE ESTÃO A FECHAR
Frisando que "inúmeras companhias de aviação cancelaram os seus voos e as próprias rotas aéreas, criando um situação difícil de gerir: menor oferta, maior procura, e poucos dias (às vezes poucas horas) para resolver os problemas", a APAVT faz notar que "nestes últimos dias, temos assistido a um pouco de tudo – viajantes cujo embarque é recusado, porque o seu voo é para um país, ou apenas com escala num país, que colocou restrições às viagens", até de "turistas a ser 'despejados' de hotéis que estão a fechar, como por exemplo em Espanha, não tendo sítio para onde ir".

A associação das agências de viagens salienta ainda que o aeroporto de Lisboa nos últimos dias "estava repleto de franceses e brasileiros, entre outros, que não conseguiam sair do país" - sublinhando que "não, não tinham sido abandonados pelas agências de viagens deles, estavam apenas a sofrer dos distúrbios óbvios e expectáveis de um repatriamento em massa, apesar de todos os esforços dos agentes de viagens de todo o mundo e dos ministérios dos negócios estrangeiros de todo o mundo".

Ao ministro dos Negócios Estrangeiros, a APAVT sublinha que "fazemos parte da solução, e mais não temos feito senão minimizar o problema", assegurando que "continuaremos o trabalho de grande cooperação com os serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros" e estaremos, como sempre, disponíveis para o ajudar nas dificílimas tarefas que tem em mãos".

in expresso

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